17/09/2024 às 08h32min - Atualizada em 17/09/2024 às 08h32min

Indícios de caixa dois em campanha de Kalil podem prejudicar Tramonte em BH

Advogado do PSD, Guilherme Fábregas afirmou que tão logo seja notificado, irá oficiar o Ministério Público Federal e a Polícia Federal

- oantagonista.com.br
oto: Ricardo Stuckert

A semana começou agitada na política belo horizontina, e não foi cadeirada de candidato em candidato, não, mas uma ação judicial contra o PSD, de Belo Horizonte, em que a empresa de comunicação da ex-deputada federal, Manuela D’Ávila, cobra uma dívida de mais de 1.5 milhão de reais, não paga pelo partido, referente a serviços prestados à campanha do ex-prefeito e então candidato ao governo de Minas, Alexandre Kalil, em 2022.

Segundo noticiou, com exclusividade, o site O Fator, parceiro de O Antagonista, a comissão provisória municipal, sob a presidência de Adalclever Lopes, homem de confiança de Kalil e atual coordenador de campanha de Mauro Tramonte (Republicanos) à prefeitura de BH, contratou a empresa gaúcha. Porém, além de não declarar o contrato à Justiça Eleitoral e fazer a “doação” à campanha estadual, a legenda também não efetuou o pagamento.

Após a publicação da matéria pelo O Fator, a Rádio Itatiaia – também de Belo Horizonte – localizou um outro contrato entre a campanha de Kalil e a mesma empresa, este quitado e regularmente declarado à Justiça Eleitoral, no valor de pouco mais de 1.5 milhão de reais. À noite, a CNN publicou matéria a respeito e, segundo um advogado ouvido pelo site, há indícios de caixa dois na campanha de Kalil para governador em 2022.

Troca-troca e tiroteio
Há algumas semanas, Alexandre Kalil deixou o PSD e seguiu para o Republicanos, em um movimento que surpreendeu toda a cidade. O atual prefeito de Belo Horizonte é Fuad Noman, também do PSD e vice na chapa de Kalil em 2020, que concorre agora à reeleição. Contudo, alegando ter sido abandonado pela legenda, o ex-prefeito aliou-se a Mauro Tramonte, que tem como vice Luísa Barreto, do partido Novo.

Em 2022, Kalil aliou-se ao presidente Lula e enfrentou o atual governador (reeleito) Romeu Zema (Novo), em uma campanha cheia de ofensas e acusações de lado a lado. Há até bem pouco tempo, antes de mudar de lado, Kalil chamava Zema de “mentiroso e incompetente“. Hoje, cerra fileiras ao lado de políticos ligados à Igreja evangélica e a bolsonaristas extremados, afastando-se oportunisticamente de seu passado ligado à esquerda.

Tão logo deixou o PSD, uma planilha vazada por gente do partido começou a circular pela cidade. Nela, nomes de funcionários pessoais de Kalil, pagos com o dinheiro da legenda. Estima-se que mais de 60 mil reais mensais eram gastos com o ex-prefeito. O partido é presidido nacionalmente por Gilberto Kassab, Secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Tramonte sob vigília
Pouco antes de embarcar no Republicanos, Kalil emplacou seu braço direito, Adalclever Lopes – o mesmo que assinou o tal contrato não declarado e sub judice -, como coordenador de campanha de Mauro Tramonte, e também indicou sua assessora de comunicação. Publicamente, Tramonte e Kalil já se manifestaram sobre possíveis nomes de secretários em caso de vitória, para a contrariedade e revolta de filiados do Novo.

Com a revelação do caso que pode configurar caixa dois eleitoral, Tramonte terá de optar ou por manter Kalil e Adalclever no comando de sua campanha, ou simplesmente afastá-los por precaução. Em ambos os casos, os prejuízos serão enormes, já que ou irão pairar dúvidas sobre a lisura de suas contas ou enfrentará a ira, sobretudo de Kalil, que costuma sair atirando quando rejeitado, haja vista seu afastamento do Atlético Mineiro.

Sob a gestão de empresários locais, o Galo tornou-se SAF (Sociedade Anônima de Futebol) em novembro de 2023, para desespero de Kalil e seu grupo, que durante anos comandaram o Clube, tornando-o um dos mais endividados do país. Ao ser literalmente colocado para fora, o ex-presidente atleticano iniciou uma verdadeira “guerra santa” contra os atuais mandatários alvinegros – guerra essa, recíproca, aliás.

Eleições municipais
A disputa pela prefeitura da capital mineira segue acirrada e indefinida. Segundo a última pesquisa eleitoral, divulgada pelo instituto Quaest, Mauro Tramonte lidera com 27% das intenções de voto, seguido por Fuad Noman, com 20%, e Bruno Engler (PL), com 16%. Coincidentemente, ou não, após a chegada de Kalil ao Republicanos, Tramonte caiu (tinha 30%) e Fuad decolou (tinha 9%). Engler também oscilou para cima.

Na campanha presidencial de 2022, Kalil foi responsabilizado por petistas pela má performance de Lula em Minas Gerais. Ainda na transição do primeiro para o segundo turno, assim como no Galo, Kalil foi praticamente expulso da campanha de Lula, tanto é que tentou, sem sucesso, um cargo na administração federal, após ser derrotado, em primeiro turno, por Zema. Caso Tramonte perca, será impossível escapar da pecha de “âncora eleitoral”.

Por ora, cabe observar os movimentos dos próximos dias. O advogado do PSD, de Belo Horizonte, Guilherme Fábregas afirmou que tão logo seja notificado da ação irá oficiar o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, para que apurem as devidas responsabilidades cíveis, criminais e eleitorais de Kalil e Adalclever, já que, segundo Fábregas, “O partido é vítima nessa história e não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao estatuto e às leis”.


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