Em meio à tensão das eleições municipais, Lula tem agenda em BH com Zema e prefeito ausentes

O presidente Lula ao lado do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman; o governador de Minas Gerais, Romeu Zema — Foto: Reprodução e Brenno Carvalho/ Agência O Globo

A pouco mais de três meses das eleições municipais em Minas Gerais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encontra um cenário inusitado em sua agenda em Belo Horizonte nesta sexta-feira. Pela primeira vez em seu mandato, o evento na capital mineira não terá as presenças do governador Romeu Zema (Novo) e do prefeito Fuad Noman (PSD).

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Ambas as assessorias confirmaram que as autoridades foram convidadas pelo governo federal, mas declinaram. Zema informou que já havia agendas pré-programadas em cidades do Norte. Nesta sexta-feira pela manhã, participará da abertura do evento do agronegócio Expomontes, em Montes Claros.

Já o prefeito Fuad Noman recebeu Lula em sua chegada ao estado nesta quinta, mas preferiu não estar presente na agenda de hoje, quando o presidente fará anúncios para as áreas de Educação e Saúde, a exemplo da assinatura de decreto do programa Luz para Todos integrado ao Minha Casa, Minha Vida, e ações de fortalecimento para os institutos federais.

Segundo a assessoria do prefeito, sua ausência se justifica pela não correlação da agenda com a gestão municipal e outros compromissos anteriormente marcados. Articuladores, contudo, apontam que o prefeito não queria "ficar de figuração".

O pano de fundo deste desconforto é a corrida eleitoral na capital, na qual Fuad é pré-candidato à reeleição e disputa o apoio do presidente com nomes da esquerda — os deputados federais Rogerio Correia (PT) e Duda Salabert (PDT).

Entre os três, apenas Rogerio Correia estará presente. Assim como Fuad, Duda Salabert confirma o convite, mas diz ter outros compromissos:

Fui convidada. Sou vice-líder do governo Lula na Câmara. mas não poderei acompanhar o presidente em BH porque tenho agenda com lideranças comunitárias para construção do plano de governo da minha candidatura — disse ao GLOBO.

Em meio ao racha, o presidente vem sendo pressionado pelos partidos a não entrar na campanha de Rogério Correia. Inicialmente, a agenda de Lula não envolvia uma ida à Belo Horizonte, o que havia agradado o PSD. Nesta quinta-feira, em entrevista ao jornal "O Tempo", o chefe do Executivo acalmou os ânimos dos aliados ao dizer que não irá se envolver por enquanto.

Acho que temos que esperar ainda para ver como vai se consolidar a disputa eleitoral, as candidaturas e alianças. Eu, como presidente, não quero entrar em disputas entre candidatos da base, do campo democrático.

Nos bastidores, especula-se sobre uma aliança que envolva Rogério Correia e Fuad Noman. Ao GLOBO, o presidente do PSD no estado, o deputado Cassio Soares, garante que é uma possibilidade, mas critica o parlamentar petista:

Quem determina o caminho é o presidente Lula, que já demonstrou vontade de apoiar a candidatura do prefeito, mas há uma ressalva à postura do Rogério de agressão a um político que apoiou Lula.

Mesmo sendo alvo de críticas, Fuad levantou bandeira branca para o deputado nesta semana. Em agenda no antigo terreno do Aeroporto Carlos Prates, o prefeito compartilhou o mérito da concessão à União Federal com ele.

Estivemos várias vezes com a União, eu e o deputado. Muito obrigado, deputado, pelo trabalho — disse.