15/04/2024 às 06h30min - Atualizada em 15/04/2024 às 10h05min

Arena MRV: 1 ano do 'nascimento do campo' e os melhores momentos desses 365 dias

Por Fernando Martins Y Miguel - O Tempo
torcida do Atlético na Esplanada da Arena MRV — Foto: Daniela Veiga/ Atlético

Nesta segunda-feira (15), a Arena MRV completa exatamente um ano de seu primeiro evento oficial. Em 2023, nesta data, o novo estádio do Atlético brindava seu torcedor com o 'Nascimento do Campo', com a marcação das linhas no gramado e o primeiro gol marcado simbolicamente.

De lá para cá, o Galo viu seu estádio ganhar ares de Arena de primeiro mundo, com casa cheia em alguns jogos, com a primeira partida internacional, com críticas e problemas que ainda carecem de solução e, principalmente, com o potencial de benefício financeiro e técnico para o clube alvinegro.

O Tempo Sports elencou questões fundamentais que contam a história desse primeiro ano do estádio do Atlético, que já recebeu jogos do Brasileiro, Mineiro e Libertadores, além de shows nacionais e internacionais. A Arena também se tornou um espaço importante de lazer para a região Noroeste de Belo Horizonte.

SHOWS
O novo estádio do Atlético teve seus primeiros testes de grandes públicos com shows das bandas Maroon 5 e da cantora Ivete Sangalo. O estádio também teve apresentações de artistas de menor expressão como o grupo Sambô e a cantora Aline Calixto. Houve também uma apresentação privada das cantoras Maiara e Maraísa.

Mas o principal evento fora do futebol que marcou o ano de inauguração da Arena MRV foi a apresentação do músico inglês Paul McCartney. As duas apresentações do ex-Beatle, de 81 anos, renderam cerca de R$ 2 milhões aos cofres do clube, além de levar um público de 40 mil pessoas por show realizado no estádio atleticano.

JOGOS
Até o momento, foram disputados 17 jogos oficiais na Arena MRV, além do duelo festivo 'Lendas do Galo', que contou com presenças de jogadores que fizeram história com a camisa alvinegra. Ex-atletas de várias gerações e décadas diferentes brindaram o público com gols e presenças marcantes como Reinaldo, Ronaldinho Gaúcho, Guilherme, Marques, entre outros.

Das 17 partidas, nove delas foram pelo Campeonato Brasileiro de 2023, seis pelo Campeonato Mineiro de 2024 e uma pela Libertadores de 2024. Ao todo, o Galo jogou 17 vezes, venceu 12, empatou duas vezes e perdeu três. Foram 29 gols marcados e 11 gols sofridos. Um aproveitamento de 74,5%.

Dos 17 jogos disputados pelo Atlético na Arena MRV, 15 deles foram sob o comando do técnico Luiz Felipe Scolari e apenas dois sob o comando do atual treinador Gabriel Milito, que foi o responsável por estar a frente da equipe no único duelo internacional do estádio até aqui, a vitória por 2 a 1 sobre o Rosario Central, pela Libertadores.

2023 - 7 vitórias / 2 derrotas / 15 gols feitos / 5 gols sofridos
2024 - 5 vitórias / 2 empates / 1 derrotas / 14 gols feitos / 6 gols sofridos
Total: 12 vitórias / 2 empates / 3 derrotas / 29 gols feitos / 11 gols sofridos
PÚBLICOS

Nos 17 jogos realizados na Arena MRV, 536.027 pessoas estiveram presentes, o que dá uma média de público de 31.531 torcedores por partida do Atlético no estádio. O maior público registrado num único jogo foi o primeiro duelo da final do Mineiro deste ano: 42.592 torcedores viram o empate em 2 a 2 com o rival Cruzeiro.

RENDA
Se nessa temporada, o Atlético havia divulgado após a primeira fase do Mineiro um lucro de 80% em relação aos primeiros quatro jogos do Estadual no ano passado, o clube contabiliza um lucro líquido de 60% nas rendas dos jogos no próprio estádio.

O clube informou que os números podem melhorar, pois estão em curso novas ações de redução de custos e outras para aumento de receitas, como museu, lounges, restaurantes e megalojas.

Em todos os jogos disputados na Arena MRV até o momento, o Atlético arrecadou R$ 30.567.926,10. Uma média de renda de R$ 1.798.113,30 por partida. A maior renda foi contabilizada no duelo de ida da decisão estadual 2024, contra o Cruzeiro: R$ 3.037.109,32.

PROBLEMAS
O Atlético convive com problemas que ainda não foram solucionados na Arena MRV. O mais recente e que vem sendo bastante discutido é o da acústica do estádio. A reclamação de parte da torcida é de que o barulho dentro do estádio não reverbera, o que faz com que o som se dissipe e não retorne para o gramado.

De acordo com o clube, a cobertura do estádio foi feita com um material que impede que o som se propague para fora, a lã de rocha. Uma das condicionantes da Prefeitura de Belo Horizonte para a construção do estádio era de que cada evento realizado na parte interna tenha um número máximo de decibéis por conta da região ser de casas e apartamentos e não comercial.

Bruno Muzzi, CEO do clube, disse que vai colocar mais 20 subwoofers (aparelho de reprodução sonora desenvolvido para reproduzir as frequências de som) para poder melhorar a pressão sonora em shows e também nos dias de jogos. Segundo ele, a Arena está trabalhando em uma nova concepção para tentar reverberar um pouco mais o barulho para dentro do estádio. 

Outro problema que o clube buscará solucionar é o pacote de obras viárias que ainda precisa ser feito. O Atlético acertou com a prefeitura um prazo para melhorar o fluxo das vias de acesso ao estádio. Além disso, o clube se comprometeu a revitalizar alguns pontos da região do bairro Califórnia.

GRAMADO
Outro problema enfrentado pela Arena MRV aconteceu logo no início dos primeiros jogos oficiais realizados no estádio. O gramado foi bastante criticado por conta da má qualidade da grama devido à mudança de tempo.
O clube sofreu com críticas e logo na partida de inauguração, as pequenas áreas dos goleiros estavam praticamente sem grama. O goleiro João Paulo, do Santos, pediu ao árbitro da partida para paralisar o jogo para um reparo de emergência em sua área.
O clube utilizou equipamentos de última geração e trocou todo o gramado em busca da melhoria, o que aconteceu já neste ano. O cuidado com o gramado se tornou prioridade, tanto que o Atlético afirmou que os shows estão suspensos até segunda ordem para não prejudicar o campo.


TECNOLOGIA
Com a promessa de ser a Arena mais tecnológica da América do Sul, a Arena MRV prometeu internet para funcionários, profissionais da imprensa e torcedores em todos os locais do estádio. Algo que não aconteceu nos primeiros jogos. Os jornalistas tiveram dificuldades de trabalhar por conta da falta de sinal de wi-fi na tribuna de imprensa e na zona mista.

Além dos jornalistas, torcedores relataram problemas nas compras efetuadas pelos totens ou pelos caixas ambulantes, que utilizavam a internet para poder liberar as fichas. Mas os problemas foram solucionados a partir do terceiro jogo em diante.
No último mês, o clube divulgou o final da instalação dos painéis de LED que circundam todo o 2º pavimento do estádio. Já as entradas com o reconhecimento facial já estão instaladas desde o início e funcionam para os profissionais de imprensa. Porém, para os torcedores, o clube aguarda o avanço das leis de proteção de dados para, enfim, efetivar o processo, que vai identificar os torcedores que entrarem no estádio e que cometerem qualquer delito durante a partida.

PREÇOS
Uma das principais reclamações dos torcedores do Atlético foi com relação aos preços praticados pela Arena MRV. A começar pelos ingressos. A reclamação de muitos é que o estádio elitizou a torcida alvinegra, com integrantes das classes C e D de fora.

O 'season ticket', pacote de ingressos para os jogos em casa do Mineiro, Copa do Brasil, Brasileiro e Libertadores (fase de grupos) lançado pelo clube nesta temporada causou impacto pelo alto valor, em janeiro. O preço de R$ 4 mil, que poderia ser parcelado em 11 vezes fez parte a torcida reclamar.

E a reclamação surtiu efeito, já que a direção alvinegra abaixou o valor para R$ 1,5 mil o pacote. O Galo tinha o terceiro "season ticket" mais caro entre os clubes brasileiros, mas com a diminuição de quase 60% do valor, o time mineiro passou a ter o sexto pacote mais caro.

Outro valor que chama a atenção e que esse não houve redução é o estacionamento da Arena MRV. Na partida inaugural, contra o Santos, o valor era de R$ 40. Já no primeiro jogo da final do Mineiro deste ano, contra o Cruzeiro, o preço chegou a R$ 150. Quase quatro vezes mais.

O Atlético alega que o valor foi definido pela empresa Estapar, responsável pelo estacionamento da Arena MRV. Além disso, o clube também destaca que, independentemente do preço, todas as vagas estão sendo vendidas a cada partida.

OPINIÃO DOS FREQUENTADORES
Presente em todos os jogos da Arena MRV até o momento, o torcedor e empresário Lucas Abuid elogiou o estádio alvinegro, porém, com ressalvas.

"A Arena é linda, é a nossa casa. Precisa melhorar alguns aspectos como o preço do estacionamento e do ingresso para o povão poder voltar ao estádio. Mas até aqui, todos os problemas estão sendo solucionados ou em vias de solucionar. A Arena mudou o Atlético de patamar e agora é só esperar os títulos que vamos conquistar aqui dentro", disse.


O jornalista Victor Martins deu a sua impressão sobre como é trabalhar na Arena MRV.

"As cabines são grandes e cada empresa tem liberdade para mobiliar como quiser e até mesmo tirar o vidro (o que acho a melhor decisão). Para comentaristas é uma ótima posição. Visão de cima do gramado, excelente para ver o posicionamento dos jogadores e as opções táticas. Sem pontos cegos",


Ele também trabalhou como repórter de campo e destacou alguns pontos da visão do profissional que trabalha por ali.

"O acesso pelo gramado é ótimo e a gente fica muito próximo ao campo. Só acho que falta um ponto de água para quem trabalha ali. A geladeira que fica na entrada esvazia rápido e se você guardar água no mochila, no fim da partida ela tá quente. Tem um banheiro perto da saída do campo, o que é bom. E o acesso à zona mista e sala de coletiva é bem fácil".


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