Festival Ervas tem dicas de uso seguro de maconha e debates em BH neste sábado

Festival de Ervas em BH, reforça produtor, não incentiva uso de ilícitos, mas defende a redução de danos no uso da maconha — Foto: Alesia Kozik/Pexels/Reprodução

Enquanto o Senado vota a PEC das Drogas, que pode criminalizar explicitamente a posse da maconha, e o Supremo Tribunal Federal (STF) debate a descriminalização, Belo Horizonte recebe a primeira edição do Festival Ervas. O evento discute os usos da Cannabis e de outras ervas — não só o recreativo, mas especialmente na cultura, na economia e na saúde — e toma espaços da região Leste de BH neste sábado (20/04).

Durante o evento, que vai das 10h às 22h, empreendedores apresentam produtos como sabonetes de ervas (não de maconha) e itens de head shop — espécies de tabacarias com produtos que também podem ser utilizados com a Cannabis, como seda e piteiras. É um mercado perfeitamente legal, lembra o organizador do evento, o empreendedor e consultor de diversidade e inclusão Pedro Avelar (Peu): “é muito importante que o festival fomente a venda e o uso de tudo o que é regulamentado”.

Por ora, o Brasil está fora de um mercado bilionário. A BDSA, principal empresa de pesquisa de mercado da Cannabis, projeta que a indústria legal da maconha chegará a cerca de R$ 58 bilhões (R$ 290 bilhões) até 2028. Peu reforça que o festival não incentiva ou promove o uso de drogas. Mas ele pontua que, quer o poder público queira, quer não, o uso de maconha no Brasil é uma realidade. “Não podemos ignorar que as pessoas consomem e precisamos falar de educação e saúde. Cannabis não é pauta de polícia, mas de saúde pública”.

Redução de danos: de lavar o prensado a tragar corretamente
Uma pesquisa Datafolha publicada em 2023 indica que um a cada cinco brasileiros adultos declaram já ter usado maconha pelo menos uma vez na vida. Em um cenário em que o uso pode até ser velado, mas existe, Peu, o organizador do evento, defende a redução de danos. Isto é, uma série de medidas para proteger a saúde dos usuários. Por isso, o Festival Ervas terá uma tenda em colaboração com membros da Marcha da Maconha para esclarecer dúvidas e questionar mitos sobre o uso da Cannabis.

“Teremos alguns voluntários divulgando medidas. O uso de piteira, por exemplo, é redução de danos, porque, com ela, a fumaça entra de forma mais branda. Existem alguns mitos, como dizer que tem que puxar, prender a fumaça ao fumar e, depois, soltar. Mas não pode prender, isso não faz bem para a sua saúde”, exemplifica.

Ele também cita riscos do prensado. É um tipo de maconha barato, comum no Brasil, como um bloco compacto que mistura a planta, galhos e até cola. “Como a maconha é proibida, não temos concentração de produtos naturais, da erva mesmo. No Sudeste, quando se tem acesso à flor, é caríssimo. Temos acesso ao prensado, que são basicamente flores prensadas com outros produtos. Para prensar, é utilizado cola e outras substâncias químicas que fazem mal. Se a pessoa adquirir o prensado, existe uma forma de lavá-lo”, completa Peu.

Além de educação para o público, o Festival Ervas propõe debates com figuras conhecidas da luta canábica, como ex-candidato a deputado federal pelo PSOL Dário de Moura. Quem se interessa pelo uso medicinal da Cannabis, mas não sabe quais são os caminhos para obtê-lo de forma legal, associações mineiras também levarão voluntários para esclarecer o passo a passo.

Serviço: Festival Ervas
Onde: Corredor da Leste — eventos simultâneos na rua Pouso Alegre, 2.952, na Gruta (rua Pitangui, 3.613) e no Teatro 171 (rua Cap. Bragança, 35)
Quando: sábado (20/04), das 10h às 22h
Quanto: R$ 15 a R$ 80 (ingressos no Sympla, com direito a brindes diferentes por faixa de pagamento)