10/06/2024 às 13h00min - Atualizada em 10/06/2024 às 13h00min

Priorizar a saúde mental das mulheres é estratégico para os negócios

- diariodocomercio.com.br

Estudos indicam que o bem-estar das mulheres e crianças está intimamente relacionado à saúde da sociedade em geral. Já em 1993, o relatório de desenvolvimento do Banco Mundial apontava que investir na saúde e no bem-estar das mulheres seria de alta prioridade para melhorar a saúde mental das populações em países emergentes.

Por muitas décadas, falar sobre saúde da mulher se manteve como sinônimo de saúde reprodutiva, como se apenas aí se concentrasse nosso valor. Felizmente, nos últimos anos estas definições se ampliaram, incorporando toda a saúde física da mulher ao longo do ciclo de vida, até chegar aos dias atuais, em que a saúde mental tem protagonizado o debate.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.

Leia também: Saúde mental é tema para líderes
Dados epidemiológicos e antropológicos apontam que diferentes grupos sociais podem apresentar diferentes padrões de sofrimento psicológico. No caso das mulheres, além de fatores biológicos, como a reprodução e questões hormonais, também somos o grupo mais afetado por questões como sobrecarga, nutrição, guerra, migração e emergências climáticas, por exemplo.

No âmbito do trabalho, sentimentos como desesperança, exaustão, raiva e medo não são, nem de longe, uma casualidade na vida das mulheres. Um estudo recente do McKinsey Health Institute, com mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras em 30 países, revelou que as mulheres estão mais exaustas e têm pior saúde mental e espiritual do que os homens, colocando-as em maior risco de esgotamento.

É urgente estabelecer bases de referência para a saúde e o bem-estar das mulheres e medir este progresso, em todas as esferas. No âmbito corporativo, empregadores têm o poder de impactar positivamente estes dados por meio da promoção de espaços de trabalho mais equitativos.

Pensando nisso, uma iniciativa para Forças de Trabalho Saudáveis ​​do Fórum Econômico Mundial reuniu mais de 50 organizações líderes globais para tratar sobre saúde mental no trabalho e elencou quatro prioridades para apoiar a saúde mental das mulheres nas empresas:

1) Aumente o apoio aos cuidadores
Embora os homens estejam partilhando cada vez mais estas funções, ainda existe uma divisão desigual persistente, ficando com as mulheres grande parte deste trabalho não remunerado. Política de licenças maternidade e paternidade estendidas e auxílio creche podem ajudar a equilibrar essa conta.

2) Reduza microagressões
As mulheres têm duas vezes mais probabilidade de serem interrompidas e ouvirem comentários sobre o seu estado emocional, o que é ainda pior para as mulheres negras ou com deficiência, por exemplo. Isso impacta diretamente na segurança psicológica, o que torna mais difícil correr riscos, propor novas ideias ou levantar preocupações. Investir em treinamentos, preparo da liderança e políticas de combate ao assédio são estratégias fundamentais.

3) Aumente a flexibilidade no trabalho
Embora a flexibilidade no local de trabalho seja desejada tanto por homens como por mulheres, tem um impacto desproporcional nas mulheres. O relatório descobriu que as mulheres que têm flexibilidade para trabalhar no local de sua preferência têm 15% melhor saúde mental, 19% melhor saúde espiritual e 19% menos exaustão.

4) Forneça apoio personalizado às mulheres
De fato, a saúde das mulheres é mais do que apenas a saúde reprodutiva, no entanto, é importante também não desconsiderar esta questão. Algumas empresas já implementaram licenças menstruais para acomodar mulheres que possam necessitar de descanso durante os primeiros 1-2 dias da menstruação, por exemplo.

Atender às necessidades de saúde das mulheres no local de trabalho tem se mostrado um imperativo estratégico para promover ambientes inclusivos e produtivos. De maneira geral, o melhor caminho é sempre envolver as mulheres nos processos de tomada de decisão, para proporcionar ações mais efetivas e que tenham de fato o potencial para contribuir para que elas tenham mais saúde mental e possam prosperar profissionalmente, gerando impactos positivos para toda a sociedade.


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