25/04/2024 às 06h00min - Atualizada em 25/04/2024 às 08h28min

União quer atitude do governo mineiro em relação à dívida

Sob a guarida de sucessivas liminares concedidas pelo STF, o governo de Minas Gerais não paga há quase seis anos as parcelas da dívida com a União

Bertha Maakaroun - ESTADO DE MINAS
Governo de Minas Gerais não paga há quase seis anos as parcelas da dívida com a União crédito: Soraia Piva

O vice-governador Mateus Simões (Novo) declarou-se surpreendido com a manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU), que em representação ao Supremo Tribunal Federal (STF), requereu que o Estado de Minas Gerais volte a pagar a dívida pública com a União, a partir de 30 de maio.

Razão para tanto, não há. O governo federal pleiteia que o estado faça os desembolsos, não da parcela cheia da dívida – de R$ 14 bilhões ao ano. Mas, por isonomia com os demais entes federados, requer que Minas pague R$ 2,3 bilhões, equivalente àquilo que repassaria entre maio e dezembro de 2024, caso o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) estivesse homologado ainda em abril, conforme cálculo da Secretaria do Tesouro Nacional.

Tal plano e recuperação fiscal foi proposto em 2023 pelo próprio governo Zema à União: previa o desembolso de 11,11% da parcela cheia, no segundo ano de vigência. Ainda não foi homologado pela Assembleia Legislativa.

 Mas, na prática, para evitar o escalonamento da dívida, Minas deve dar sinal de boa fé, nos termos em que o governo federal sustenta:

“A simples nova postergação do prazo para adesão do ente federado ao RRF, sem nenhuma contrapartida federativa, tem o pernicioso efeito de conceder um tratamento diferenciado ao ente (estado)”.

A mais recente manifestação de Nunes Marques, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que relatou em 19 de abril o pedido de Minas Gerais e da Assembleia Legislativa para nova prorrogação da carência de pagamento das parcelas e serviço da dívida, já sinalizara claramente o desconforto. É que o governo de Minas se comporta como se desfrutasse de uma espécie de “carona” no debate político para a repactuação das dívidas dos estados.

A questão foi, em princípio, levantada pela Assembleia, ganhou repercussão nacional e tem grande probabilidade de se encerrar com a solução definitiva do problema. Entretanto, isso não significa, que enquanto se desenvolvem as negociações em torno dos termos do projeto de lei complementar, que tramitará no legislativo, o governo Zema deve seguir sem fazer as amortizações.

Embora falte transparência em relação aos dados, segundo o Sindicato dos Servidores da Tributação, Fiscalização e Arrecadação do Estado de Minas Gerais (Sinfazfisco-MG), em 18 de abril de 2024, o saldo de caixa estimado seria de R$ 37, 840 bilhões. Nesse ínterim em que segue inadimplente, o governador mineiro não poupa a matraca de críticas dirigidas ao governo Lula, pelo que chama de “gastança”. Nada a estranhar: ele não gosta de política, não é político e faz política na antipolítica.

Ao conceder a mais recente prorrogação por 90 dias – a metade do período solicitado pelo governo Zema –, o ministro Nunes Marques salientou que o Plano de Recuperação Fiscal precisa ser seriamente considerado, para que o estado não alcance situação financeira de difícil reversão.

Manifestou-se: “A prorrogação da situação de endividamento, nesse painel, tem de ser acompanhada de atitudes concretas e de disposição a uma negociação célere e respeitosa entre as unidades políticas envolvida”. Referiu-se à anotação da União de que, durante os 120 dias da prorrogação que estendeu a carência de dezembro 2023 a abril de 2024, nenhuma “movimentação documental significativa” foi registrada no caso mineiro.

Sob a guarida de sucessivas liminares concedidas pelo STF, o governo de Minas Gerais não paga há quase seis anos as parcelas da dívida com a União. Por conta disso, a dívida CAM de Minas, que em dezembro de 2018 seria de R$ 92,9 bilhões, saltou para de R$ 145,79 bilhões, um aumento de R$ 52,8 bilhões, variação de 56,8%.

Voltar a fazer amortizações de 11,11% daquelas que seriam as parcelas cheias, é ato independente das negociações políticas no âmbito do Congresso Nacional, para a repactuação das dívidas dos estados. Estas, seguem entre profissionais da política, que dela fazem o instrumento para solucionar conflitos e resolver problemas de interesse coletivo.

No caixa
Ao estimar a disponibilidade de caixa do estado de Minas em 18 de abril de 2024 em R$ 38,84 bilhões, o Sinfazfisco-MG parte do saldo de caixa de R$ 28,117 bilhões, estimado em 31.12.2023.


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