Combate ao colesterol: estímulo à alimentação saudável é crucial nas escolas desde a Educação Infantil

Índices preocupam e Colégio Externato São José realiza oficinas nutricionais com especialista e tem restaurante interno com uso de alimentos cultivados na própria escola para incentivar práticas alimentares saudáveis

Divulgação/Externato

Segundo dados do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde, em 2022, cerca de 15% das crianças brasileiras menores de 5 anos estavam com excesso de peso, e entre as crianças de 5 a 9 anos, a porcentagem atingia mais de 30%. E, ainda, o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) e a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) acusaram altas taxas de sobrepeso e obesidade também em adolescentes. Já no ano passado, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou um estudo com dados de 117 mil voluntários de 2 a 19 anos, de todas as regiões do país, e apurou que uma em cada quatro crianças e adolescentes está com colesterol alto. Uma nova publicação revela que a relação entre colesterol alto e perda visual foram recentemente incluídos na lista de 14 fatores de risco modificáveis para demência. De acordo com o estudo publicado pela revista The Lancet, 45% dos casos de demência no mundo poderiam ser evitados se as pessoas mudassem seus hábitos e condições de vida.

Índices tão preocupantes já estão no radar das escolas goianas, como o Colégio Externato São José, que se dedica a estimular as crianças a uma alimentação saudável, aliada à prática esportiva, desde as turmas da Educação Infantil. A diretora pedagógica do Externato, Tatiana Santana, afirma que a instituição está obstinada nesta causa. “Agora, no início de agosto temos o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, 08/08, assim como um amplo calendário de datas que nos alertam para a saúde. Aqui no Externato, nós buscamos aproveitar cada oportunidade para promover a saúde e o bem-estar na comunidade educativa. Sobre o incentivo a uma alimentação saudável, nós nos dedicamos em diferentes frentes, com inciativas de conscientização e prevenção, a promoção de hábitos saudáveis, o envolvimento da comunidade, assim como pais e responsáveis, a educação integradora e a visão de impacto a longo prazo”, caracteriza.

A nutricionista Lana Peixoto trabalha no Externato há quase dois anos e desde que iniciou sua jornada na instituição, tem inserido lanches mais saudáveis para os alunos na cantina, como frutas picadas diariamente, iogurtes e sucos, itens menos industrializados. “No restaurante da escola fazemos da mesma forma, os cardápios do almoço são pensados para incluir o máximo de grupos alimentares e uma ampla quantidade de legumes, vegetais e frutas”, explica. O Externato conta com o Espaço Irmã Colomba, um restaurante interno para uso tanto dos alunos, quanto de toda a equipe educacional, que faz uso prioritário de alimentos cultivados na horta comunitária, para estimular os hábitos saudáveis e a convivência com a natureza desde a primeira infância dos alunos.

Lana também menciona o projeto nutricional de caráter lúdico que ela mantém em atividade com as turmas da Educação Infantil 1 e 3, que visa uma espécie de exploração sensorial. “Uma vez por semana, ou a cada 15 dias, ofereço uma fruta ou verdura com cortes diferentes para que eles possam ampliar a introdução alimentar. É um processo pautado pela descoberta, uma escala de aprendizado para benefício de cada um deles desde a infância”, explica.

A diretora pedagógica ainda complementa que o cuidado com a alimentação saudável caminha lado a lado do incentivo à prática esportiva, cujos benefícios para os alunos vão além do que se pode imaginar. “O estímulo às práticas esportivas engloba a saúde do corpo e da mente, assim como capacita as crianças de noções afetivas, emocionais, contribui para o desenvolvimento cognitivo e até para a socialização”, conclui Tatiana.

Atividade física é aliado essencial

Especialistas alertam que a atividade física é um dos aliados de controle do colesterol no sangue, diminuindo os níveis de LDL (tido como o “colesterol ruim”) e aumentando o HDL (“colesterol bom”). No Colégio Integrado, as aulas de educação física envolvem alunos de todas as idades. As modalidades atendem aos alunos da educação infantil, ensino fundamental e médio. Além das aulas, há também a promoção de práticas esportivas por meio dos seus jogos internos, que acontecem este ano nos dias 19, 20 e 21 de agosto, e são um dos destaques do calendário esportivo da instituição. “Durante os Jogos Internos do Integrado, as equipes competem em uma série de modalidades esportivas, incluindo queimada, natação, basquete e vôlei. É uma oportunidade para os alunos se exercitarem, desenvolverem habilidades motoras e se divertirem, enquanto cuidam da sua saúde”, enfatiza o diretor do Colégio, Felipe Cavichiolo.

Cavichiolo destaca ainda a importância dessas iniciativas para a saúde dos alunos: “Entendemos que a educação vai além da sala de aula. Nosso compromisso com o bem-estar dos nossos alunos inclui promover práticas que favoreçam uma vida saudável. O Dia Nacional de Combate ao Colesterol é uma excelente oportunidade para reforçar a importância da atividade física regular na prevenção de problemas de saúde, como o colesterol alto. Nossos jogos internos e atividades esportivas são projetados para encorajar nossos alunos a adotarem hábitos saudáveis desde cedo, ajudando a conscientizá-los, assim como suas famílias, sobre a importância de um estilo de vida equilibrado”.

Pesquisa

Pesquisa publicada na revista The Lancet no último dia 31 de julho, e divulgada no jornal o Estado de São Paulo, destaca que a acumulação desses fatores ao longo da vida, como colesterol LDL elevado e perda visual, pode aumentar significativamente o risco de desenvolver a doença. A pesquisa também aponta que a prevalência desses fatores tende a ser maior em países de média e baixa renda, como o Brasil, onde as taxas de demência são mais altas.
Além dos novos fatores incluídos, a lista contempla outros já conhecidos, como perda auditiva, depressão e trauma craniano, que também estão associados ao desenvolvimento da demência. Os pesquisadores reforçam a importância de se atentar a esses fatores desde cedo, pois suas consequências podem ser mitigadas com intervenções adequadas ao longo da vida.

 

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CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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