27/05/2024 às 10h59min - Atualizada em 27/05/2024 às 10h59min

Bolsonaro acusa Lula de ser ‘amigo’ do Hamas e critica fala sobre ‘irresponsabilidade’ de Israel

Ex-presidente citou morte do brasileiro Michel Nisenbaum e fez críticas a declarações do sucessor nesse sábado (26)

- Estadão Conteúdo
Luiz Santana / ALMG

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela postura ante a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Nesse sábado (25), Bolsonaro acusou o petista de ser “amigo” do grupo.

Também no sábado, Lula pediu solidariedade às mulheres e crianças “que estão morrendo na Palestina por conta da irresponsabilidade do governo de Israel”.

“A gente não pode se calar diante das aberrações. A gente não pode deixar de ser solidário porque amanhã a gente vai precisar de solidariedade”, discursou o presidente da República, durante a inauguração de uma obra em Guarulhos (SP).

Bolsonaro, então, foi às redes sociais e, além de acusar o petista de ser “amigo” do Hamas, questionou o empenho dele em libertar o brasileiro Michel Nisenbaum, que foi assassinado pelo Hamas. Natural de Niterói (RJ), ele tinha 59 anos e deixa duas filhas e seis netos.

“O Hamas executou o refém brasileiro e Lula, mais uma vez, não foi ouvido (se é que ele se empenhou) pelos seus amigos terroristas”, escreveu o ex-presidente na rede social X, anteriormente chamada de Twitter.

A declaração de Lula foi dada no mesmo dia em que Israel voltou a bombardear a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, mesmo com determinação da Corte de Haia que pedia o fim dos ataques na região.

No discurso em Guarulhos, Lula não mencionou a morte de Nisenbaum, mas já havia lamentado o ocorrido com o brasileiro nas redes sociais na sexta-feira, quando a notícia foi divulgada por Israel. “Soube, com imensa tristeza, da morte de Michel Nisembaum, brasileiro mantido refém pelo Hamas. Conheci sua irmã e filha, e sei do amor imenso que sua família tinha por ele. Minha solidariedade aos familiares e amigos de Michel”, escreveu o chefe do Executivo, também no X.

“O Brasil continuará lutando, e seguiremos engajados nos esforços para que todos os reféns sejam libertados, para que tenhamos um cessar-fogo e a paz para os povos de Israel e da Palestina”, acrescentou o petista.

Crise diplomática
Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desde que o presidente brasileiro comparou as ações do governo israelense na Faixa de Gaza ao genocídio perpetrado por Adolf Hitler que exterminou milhões de judeus. A postura de Lula é criticada pela oposição e por parte da comunidade judaica, que vê condescendência com o Hamas e falta de veemência nas críticas do presidente à organização terrorista.

Ainda nas redes sociais, Bolsonaro comparou o caso de Nisenbaum com o sequestro da senadora colombiana Ingrid Betancourt pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2002. “Os narcoterroristas também ignoraram Lula”, disse o ex-presidente, relacionando a organização ao Foro de São Paulo (FSP), formado por partidos de esquerda da América Latina.

As Farc deixaram de existir em 2016 e nunca participaram oficialmente do FSP. Contudo, o ex-grupo guerrilheiro fechou um acordo de paz naquele ano e se tornou um partido legal na Colômbia. O Comune, nome adotado pela legenda, integra o Foro de São Paulo.


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